sábado, 30 de agosto de 2008

Mudanças

Ela não estava aguentando mais.A ansiedade-não mais por bombons-que poderiam estourar-lhe as veias.
Era o pior momento esse,meio excitado,meio cansado,quando ela esperava que campainhas tocassem...E elas tocavam,mas era somente um rapaz que a dizia sobre uma encomenda ou um engano.Ou a vizinha lhe pedindo um pouco de açúcar.
Nada nada de mudanças.
-As mudanças,minha cara,só nas cores do seu cabelo,nas roupas e nos dias da regra mensal.
N
ão!Não queiram,que ela acredite que tudo o que ela vive será eterno,igualmente bom,para o resto de seus dias.
Ela não pode viver com o igual,não pode sobreviver com o certo,não quer morrer com certezas.
-Então,vá pro diabo que a carregue!Estrague logo esse lindo dia!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Nada

Ela não queria nada naquela noite.Não queria Pessoa,não queria Cervantes nem Saramago.Não queria palavras nos livros,as que conduzem a disfarces.
Só queria o pensamento solto,queria deitar e pensar livremente sem pensar em traições.Não queria se lembrar de nada.Só queria a amnésia da pura calma.
Não queria invejas,não queria rancores,não queria Baudelaire.
Queria o pensamento azul,deitar-se em lençóis brancos e ter na alma margaridas de miolos amarelos.Não queria que seus versos fossem belos,não queria poesia.
Pronto!
Não queria mais nada,nem mesmo a inteligência ,nem a cultura,nem a beleza que, dizem alguns,ser dela.
Não queria mais o amor que a deixou assim.
-que tocava seu peito...
Não queria desculpas,nem flores.
Queria somente a calma de quem consegue dormir e...
-...é tão agitada...

domingo, 10 de agosto de 2008

Novo Encontro

Os bichinhos de luz já deixavam suas asas pelos cantos dos lustres.Tornavam-se cupins.
Ela ficou nervosa como se estivesse vendo discos voadores e ele também ficou.
O tempo e a clandestinidade os levaram à embriaguez .Ela não se sentia à vontade com seu penteado e ele se desculpou pelos trajes simples.
Quando pediu para que ela mostrasse seu corpo ela não relutou e sem constrangimento obedeceu.
Não imagina o rubor que ela teve ao se lembrar disso no dia seguinte.
O perfume dela era o de sempre....O dele não era o mesmo do passado...promessas de não voltarem a se separarem e uma despreocupada amnésia a fazer que eles se esquecem que não seria possível.
Mas,aquela noite já bastou para refrescar a lembrança e os presentearem com novos momentos,além de alguns beijos e versos,de uma ligação perigosa.

Obs:Estas crônicas não têm conteúdo de contos,portanto não aguardem um final com solução de continuidade.

sábado, 2 de agosto de 2008

Amor Maior

Como ele a chamava antes não importa. Não agora. Ela tinha um nome, é claro, um nome gostoso de dizer, dispensava os apelidos, mesmo os mais sonoros. Mas ele nem precisava pronunciá-lo, como ela não precisava pronunciar o dele. Sentiam o chamado um do outro, fosse qual fosse a distância física entre eles. Distância espiritual não havia, nunca. Bonito mesmo era o seu nome tatuado em toda a pele dela e na correnteza do seu sangue. Cada letra era um relevo doce em sua alma e no seu pensamento. Assim era para ele também.o nome dela por fora e por dentro dos seus poros.
Quando ela o via do outro lado da rua, se arrepiava toda. E sentia o apelo do seu arrepio. Ele via faíscas em seu corpo ,que queimava em suas entranhas.
Um dia fizeram uma viagem - cerca de três horas de carro num verão ardente. Quando chegaram ao hotel, ela se despiu para o ansiado banho. Ele a abraçou antes do chuveiro e o cheiro dele estava lá, puro, como uma fruta apanhada no pé. Farejou todo o seu corpo e ele o dela para se certificarem.
Ficou impregnada, enfeitiçada.
O feitiço ficou nela até hoje, irresistível .Mesmo longe,separados por um oceano,ela sente o seu cheiro.
A magia e ele andam de mãos dadas. Um ato mágico do qual ela jamais falou com ninguém para não quebrar o encanto,.
Essa magia que os uniu e os levou à loucura benigna foi a mesma que os protegeu durante anos de intermitentes insanidades e perigos letais.
Mas há um mistério que os separou para sempre e que os manterá longe por toda vida.
Talvez um dia ela conte!