quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Homem e Mulher



O homem é aquele que parte
Ele tem.Quem tem,pode
abandonar.
O homem não pertence
Ele vem.Ele come.Agradece
e vai embora
O homem quer ficar só.Os seus
testículos não lhe pesam a alma.
O homem sente saudades.Pensa
nele ao lado dela :precisa de espelho.
O homem cansou-se de novo:achou
a mulher maluca
O homem não quer ter trabalho,
quer ter carro novo
De novo,abandona,vai embora
Tem fome.A ninguém pertence
Finge sofrer
Volta.Pede.Dá.Olha no espelho
Diz te amo.Vai embora.Vende o carr
Muda de casa.
Está em crise.É grisalho.Abandona,
volta
O homem é aquele que parte.
A mulher o pertence,
e deseja sempre que ele volte
por isso torce para que o homem
vá embora.
A mulher ama o soldado
O homem vai e volta,
como um mágico.
Toda mulher deseja ser viúva,
O mágico é aflitivo.O soldado a faz esperar.
A mulher é casada com a espera.
Ela quer ficar na janela,
ao lado do telefone,
embalando o filho órfão,
bastardo,
quer que a achem santa,
quer que a deixem em paz,
O homem tem tudo,
e a mulher chora porque
pensa que não tem..

domingo, 28 de junho de 2009

Angústia


Minha depressão é como os acordes de um piano,
tecla por tecla,branca e preta,
uma alma angustiada,
Me traz ao corpo tules de roxo escuro
e à cabeça tiara de tristes pedras.
Rega minhas flores com sândalo da India
enche a minha bolsa de moedas sem valor,
cobre minhas pernas com meias de arrastão,
E dessa forma,como dama exagerada,
esconde o meu rosto,
máscara de um baile à fantasia.

sábado, 6 de junho de 2009

Submissão

Caso você queira posso passar seu terno,
aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva,não quero te ver molhado.
Se de noite fizer aquele esperado frio
poderei cobrir-lhe com meu corpo inteiro.
E verás como a minha pele de algodão macio
agora quente,será fesca quando for janeiro.
Nos meses de outono eu varro a sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas,
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
Em mim há outras muçheres e algumas ninfetas-
Depois plantarei para ti margaridas da primavera
e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.
Os meus desejos ,irei ver nos seus olhos refletidos-
Mas quando for a hora de me calar e ir embora
sei que ,sofrendo,deixarei você longe de mim.
Não me envergonharei de pedir ao seu amor esmola,
mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fim


Temo não mais te amar.É isso é terrível

Preparei-me para o fim ,mas não assim,

não esse ,que acaba com o sonho e esvazia

a minha mente,desse todo tempo que você

foi em minha vida.Nada ...Agora nada...

Ah...Um "Ah" prologando e envelhecido.

Envelheci nessa insistência em amá-lo,


agora,ah...Quanta tolice...Esses versos


todos...Amontoados como ossos de uma


desova militar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Fim do meu mundo


Pois sim,
Cá estou eu de novo dividindo a minha poesia
com as letras impressas de uma filipeta.
Me jogarei num vulcão
para petrificar o meu corpo
renegar aquelas lesmas terrestres.
Trabalho no projeto do fim do mundo,
desenho catacumbas do fim do mundo,
e cravo palavras divinas com pedras de mármore.
Gosto de chuva
me poupa as lágrimas
E Deus pergunta:"Por que choras tanto,mulher,se a vida eu lhe dei?"
Eu não devia responder,não tenho costume de falar sozinha,
Porém,choro porque sou inteligente o bastante para não saber utilizar-me.
Penso por poesia e até mesmo ela
esmola o meu pranto calado.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Instantes


Instantes,doidos instantes!

Pesam o peso do olhar dele

que na casa do meu escorre,

lentos tresnoitados de amar,

humanos senhores de dar.




E digo a ele:

-me dê o silêncio do seu ouvido,

e nada mais ouça senão milagrosas palavras minhas

unânimes amores nossos

e de tanto tê-los ,tive-te

teve-me,

e em nossos peitos vassalos,

espasmos e abalos,

esses instantes de ver

aquela mínima folha,

ovário de belezas,

e depois uma curva,

quando derrapamos nossas mãos em nós

Instantes

de dobrados joelhos diante de nós mesmos

e aí o carinho vem vindo.

Instantes alicerçados na dor,

cúmplices gemidos

que soltamos

quando nos subúrbios

de carne sofrida

tu me viste e me curaste.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A você que se foi!

Faz falta a saudade
Não é que se queira viver sob sua roda,
moída,doída,encharcada pela
mancha atlântica,
que descobre o rosto,
enegrece o ritmo,
salga a boca,
cobre os olhos com intensos rios.


Se eu pudesse
dela escapar
se me fosse possível
sentar num pátio
onde ela não viesse
incomodar-me com sua boca aberta,
querendo-me devorar
na caverna de sua morada!



Não.Não.
Ela vem
Como um trem,
a parar-me o passo
aqui e ali,
e tonta pelo zumbido de sua música,
perco-me em Chopins diários
e fico simplesmente pequena



Faz falta a saudade
Mas só depois que tudo murchou.