domingo, 28 de dezembro de 2008

Instantes


Instantes,doidos instantes!

Pesam o peso do olhar dele

que na casa do meu escorre,

lentos tresnoitados de amar,

humanos senhores de dar.




E digo a ele:

-me dê o silêncio do seu ouvido,

e nada mais ouça senão milagrosas palavras minhas

unânimes amores nossos

e de tanto tê-los ,tive-te

teve-me,

e em nossos peitos vassalos,

espasmos e abalos,

esses instantes de ver

aquela mínima folha,

ovário de belezas,

e depois uma curva,

quando derrapamos nossas mãos em nós

Instantes

de dobrados joelhos diante de nós mesmos

e aí o carinho vem vindo.

Instantes alicerçados na dor,

cúmplices gemidos

que soltamos

quando nos subúrbios

de carne sofrida

tu me viste e me curaste.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A você que se foi!

Faz falta a saudade
Não é que se queira viver sob sua roda,
moída,doída,encharcada pela
mancha atlântica,
que descobre o rosto,
enegrece o ritmo,
salga a boca,
cobre os olhos com intensos rios.


Se eu pudesse
dela escapar
se me fosse possível
sentar num pátio
onde ela não viesse
incomodar-me com sua boca aberta,
querendo-me devorar
na caverna de sua morada!



Não.Não.
Ela vem
Como um trem,
a parar-me o passo
aqui e ali,
e tonta pelo zumbido de sua música,
perco-me em Chopins diários
e fico simplesmente pequena



Faz falta a saudade
Mas só depois que tudo murchou.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Minha depressão é como os acordes de um piano,tecla por tecla,branca e preta,uma alma angustiada.
Me traz ao corpo tules de roxo escuro e à cabeça tiara de tristes pedras.
Rega minhas flores com sândalos da India,enche a minha bolsa de moedas sem valor,cobre minhas pernas com meias de arrastão.
E desta forma,feito dama exagerada,esconde o meu rosto ,máscara de um baile à fantasia.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Homenagem à Érika

Então chegou o dia em que ela disse:Chega.
Cansada estava de dividir cápsulas toda noite.
E cansada ficava mais ainda durante o dia,quando o sono químico lhe sufocava a mente.
Por semanas sentiu seu corpo remoer.
Chorou e chorou,brigou com muitos e vomitou.
Até que o sangue sumiu a dependência também. Os dois lados ficaram certos.Não mais bipolares
Organizada,a moça,tomou como prática os exerecícios.
Mas,de noite,na horade dormir,e de manhã,assim que acorda,ela reza-às vezes ainda chora-implorando aos caos que dela desista.
Boa sorte,querida amiga ,seu anjo é você mesma.
E tudo ,um dia ficará no passado e você vai ser muito feliz!

Este pequeno soneto eu ofereço à nossa amiga Érika que junto comigo e mais cinco amigas dividem as postagens do Blog "Anarquistas,Graças a Deus".Ela foi vítima de uma violência,mas já se recupera e esperamos que esteja junto conosco em breve.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Paixão

Vamos.Vamos logo subir esta escada que leva o amor ao último andar.
Estamos descalços e o mármore gela nossos pés.Sobe pelo corpo o tremor do castelo que desmorona.Então vamos.Segura firme no corrimão.Respire fundo.Subir tão alto dá vertigem e olhar para trás deixaria-nos cegos.
Os erros são Medusas intransigentes,arrancam as nossas lembranças boas e tatuam os desforos e mágoas.
Por isso:Marche!Ainda estou contigo.
Para ir até o fim da Paixão deve-se estar acompanhado.
Sinta meu perfume enquanto o vento do Tempo sopra esse bafo de mudança.
Se quiser dou-lhe o braço.Entaremos no Salão da Grande Dança.
A quadrilha dos desfortunados só começa quando o Poeta recita a dor de um adeus.


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

No entanto...

No entanto , cansada de sofrer ela discorre sobre flores,sentada à mesa.
Dela ,ele sabe tudo,sem que dele ela não saiba nada.
Ele sabe que ela é rameira,vadia paga.
Que de manhã veste-se de negro e diante de um túmulo pede arrego a um amor que partiu,
deixando-lhe com uma longa dor de abril.
Ele sabe tudo dela,e ela nada sabe dele.
Sabe que ela é ladra e fornicadora de padre.
Joga,bebe e fuma e sai com qualquer um
suas pernas longas,para qualquer um ela as abre.
No entanto......não sabe mais escrever poemas.


Amigos

Convido a todos a visitarem o Blog "Anarquistas,Graças a Deus".Estou escrevendo lá todas às 6ªfeiras por convite de Luana do Blog Decore Sua Alma.

Todos os dias tem um post novo sobre assuntos polêmicos e interessantes.

http://www.seteanarquistas.blogspot.com/


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Silêncio

Ela não procurava o entendimento,ela não queria ser entendida.Ela encontrava prazer na preguiça!Queria dormir e de fato dormir!Já sabia sobre as suas perversões,não buscava mais o diagnóstico.
Sabia também dele,não foi curiosidade ,foi porque sabia dela mesmo e não queria responder se isso era bom e generoso ou mau...
Entendia tudo sobre Freud-seria melhor não entender- ela compreendia,ela morria de tédio,entendia que é maior assim do que ser compreendida
Estava era cansada.
-encontrar prazer em não entender-
É.
E
ssa é boa!
Ela estava sozinha
O silêncio era tanto que escutava os cupins fazendo seu trabalho
O que eram os dias dela??Horas e horas de uma liberdade opressora.Podia sair,podia deitar-se,podia ler Eliot,como outrora.
"Em um minuto apenas há tempo para decisões e revisões que um minuto revoga?"

sábado, 30 de agosto de 2008

Mudanças

Ela não estava aguentando mais.A ansiedade-não mais por bombons-que poderiam estourar-lhe as veias.
Era o pior momento esse,meio excitado,meio cansado,quando ela esperava que campainhas tocassem...E elas tocavam,mas era somente um rapaz que a dizia sobre uma encomenda ou um engano.Ou a vizinha lhe pedindo um pouco de açúcar.
Nada nada de mudanças.
-As mudanças,minha cara,só nas cores do seu cabelo,nas roupas e nos dias da regra mensal.
N
ão!Não queiram,que ela acredite que tudo o que ela vive será eterno,igualmente bom,para o resto de seus dias.
Ela não pode viver com o igual,não pode sobreviver com o certo,não quer morrer com certezas.
-Então,vá pro diabo que a carregue!Estrague logo esse lindo dia!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Nada

Ela não queria nada naquela noite.Não queria Pessoa,não queria Cervantes nem Saramago.Não queria palavras nos livros,as que conduzem a disfarces.
Só queria o pensamento solto,queria deitar e pensar livremente sem pensar em traições.Não queria se lembrar de nada.Só queria a amnésia da pura calma.
Não queria invejas,não queria rancores,não queria Baudelaire.
Queria o pensamento azul,deitar-se em lençóis brancos e ter na alma margaridas de miolos amarelos.Não queria que seus versos fossem belos,não queria poesia.
Pronto!
Não queria mais nada,nem mesmo a inteligência ,nem a cultura,nem a beleza que, dizem alguns,ser dela.
Não queria mais o amor que a deixou assim.
-que tocava seu peito...
Não queria desculpas,nem flores.
Queria somente a calma de quem consegue dormir e...
-...é tão agitada...

domingo, 10 de agosto de 2008

Novo Encontro

Os bichinhos de luz já deixavam suas asas pelos cantos dos lustres.Tornavam-se cupins.
Ela ficou nervosa como se estivesse vendo discos voadores e ele também ficou.
O tempo e a clandestinidade os levaram à embriaguez .Ela não se sentia à vontade com seu penteado e ele se desculpou pelos trajes simples.
Quando pediu para que ela mostrasse seu corpo ela não relutou e sem constrangimento obedeceu.
Não imagina o rubor que ela teve ao se lembrar disso no dia seguinte.
O perfume dela era o de sempre....O dele não era o mesmo do passado...promessas de não voltarem a se separarem e uma despreocupada amnésia a fazer que eles se esquecem que não seria possível.
Mas,aquela noite já bastou para refrescar a lembrança e os presentearem com novos momentos,além de alguns beijos e versos,de uma ligação perigosa.

Obs:Estas crônicas não têm conteúdo de contos,portanto não aguardem um final com solução de continuidade.

sábado, 2 de agosto de 2008

Amor Maior

Como ele a chamava antes não importa. Não agora. Ela tinha um nome, é claro, um nome gostoso de dizer, dispensava os apelidos, mesmo os mais sonoros. Mas ele nem precisava pronunciá-lo, como ela não precisava pronunciar o dele. Sentiam o chamado um do outro, fosse qual fosse a distância física entre eles. Distância espiritual não havia, nunca. Bonito mesmo era o seu nome tatuado em toda a pele dela e na correnteza do seu sangue. Cada letra era um relevo doce em sua alma e no seu pensamento. Assim era para ele também.o nome dela por fora e por dentro dos seus poros.
Quando ela o via do outro lado da rua, se arrepiava toda. E sentia o apelo do seu arrepio. Ele via faíscas em seu corpo ,que queimava em suas entranhas.
Um dia fizeram uma viagem - cerca de três horas de carro num verão ardente. Quando chegaram ao hotel, ela se despiu para o ansiado banho. Ele a abraçou antes do chuveiro e o cheiro dele estava lá, puro, como uma fruta apanhada no pé. Farejou todo o seu corpo e ele o dela para se certificarem.
Ficou impregnada, enfeitiçada.
O feitiço ficou nela até hoje, irresistível .Mesmo longe,separados por um oceano,ela sente o seu cheiro.
A magia e ele andam de mãos dadas. Um ato mágico do qual ela jamais falou com ninguém para não quebrar o encanto,.
Essa magia que os uniu e os levou à loucura benigna foi a mesma que os protegeu durante anos de intermitentes insanidades e perigos letais.
Mas há um mistério que os separou para sempre e que os manterá longe por toda vida.
Talvez um dia ela conte!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Entrando de Férias

O Poeta Mauro Rocha me passou uma tarefa mais ou menos assim: Caso você vá para uma ilha deserta por algum motivo não explicado, só você e mais ninguém, você tem o direito de levar: 5 discos, 5 filmes, 5 livros apenas para passar o tempo, quais escolheria? Lembre-se só 5 e nada mais, no caso dos discos não pode ser coletânea e se escolher tanto o grupo quanto o cantor, deve informar qual o disco,Depois passe para 5 pessoas.

Bem,já que estou entrando de férias e só voltarei em agosto com nova proposta(Crônicas) vou deixar aqui as minhas respostas :

5 Discos:
a) Superwolf "Prince" Billy e Matthew Sweeney -
2)Amarantine- Enya
3) Toda cura para todo mal-Pato Fu
4) Dont'One LOSE YOUR COOL Albert Collins
5) Quase sem querer-Zelia Duncan do Álbum- Acessos

5 Filmes:
1-Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust,
2-Cidadão Kane, de Orson Welles
3.Ilha Deserta, de Agnaldo Farias
4-Cinco Tardes, do Mikhalkov
5-O Iluminado, do Kubrick
5 Livros:
1) Como eu iria para uma ilha deserta não poderia deixar de levar “Um Guia Prático de Sobrevivência,de Ricardo Kelmer ,onde ele diz:”
certezas não valem nada. “
“Há um ponto no caminho onde o Mistério e o Fantástico desafiarão sua realidade.
2)À Flor da Pele-
Um livro de poesias ,claro para acalmar meu coração solitário na ilha.
3) A Gruta do Tempo, de Edward Packard,-Uma aventura solo (também conhecida como "livro-jogo") é uma variação do RPG convencional. São aventuras que se pode jogar sozinho, uma alternativa aos jogos de RPG que exige um grupo de pessoas para jogar
4) Pensar é Transgredir-Lya Luft-Filosofia para ajudar o pensamento
5) A Bíblia-não poderia deixar.

Repasso para os amigos,deixando-os livres para responder ou não!
Flávio Monte-Livro D’água


Bomba MH-
Evandro Varella - 0 Anexo sem Nexo


Bem,assim,me despeço de vocês.Estou entrando de FÉRIAS...Mas,volto em AGOSTO com a Segunda Parte de meu Blog: Crônicas
Bye e SUCESSO para todos!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Inesquecíveis Gestos

Lembro de você na escada daquele avião,acenando para mim;seus músculos iam-se no gesto,você partia!
Aos poucos a escada sumiu.Ficou apenas o avião e sua hipótese de vôo.E aqui embaixo a minha saudade.
Saudades de coisas pequenas que se tornaram grandes assim que o avião sumiu no ar: Do seu cheiro surpreendente,dos olhos que pestanejavam alegria,quando ele se derramava sobre o meu corpo.
Saudade de como você soprava meu rosto,depois dos amores feitos.
Saudade de como me curava das cicatrizes que as carnes se fazem se buscadas e felizes.
Saudade do abandono das mãos sobre meu corpo e de seu ressonar que transpirava a paz dos amantes.

"e agora o que é que eu faço?
pra esquecer tanta ternura??"

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Luta interior

Ontem,em sonhos ,cortei meus cabelos!Transformei-me em Joana D'arc!
Me, revesti de armaduras e fui à luta!Escondi os sapatos de salto altos da menina,que ficava ali,atrás da porta!
A mala do tempo se abriu e comecei uma guerra voraz contra mim mesma.
Romperam-se as tênues fitas e tudo é claro e revisto.
Ah,escandalosas marcas do passado,como vocês se grudam e se mexem dentro da gente!
Nem a lança mais afiada consegue expulsá-las.
O peito estoura,arde,mas a voz de ontem dispara,vem contando histórias,pregando cartazes,construindo montes de areia,que viram castelos,palcos.
Tiro a armadura e volto à vida.
Descubro as chaves e saio de mim mesma.Vou deixar meu cabelo crescer novamente.
Hoje é o ontem que está logo ali atrás.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Inverno

Mais uma noite e todo esse inverno lá fora me esperando,com sua boca em branco se escancarando.
Frio muito súbito:pés congelam,ossos mudam de lugar,tecidos interiores se arrepiam.
O que poderia me consolar?Braços?Onde? Mexo os olhos:está escuro.
Arranho as portas,desejando ar,ares para que vaze de mim esse caldo lento e vermelho.
Engulo o tempo,que me engole,imerso nesse mistério esponjoso.Não sei de jardins,impossível comentar as rosas.
Desejo tanto o prêmio de uma canção que me proteja dos ventos, da carência humana,e de novo me lance na terrestre aventura.
Quero,rápido mesmo,tropeçar no dia,esquentar a frieza da casa e deixar-me coser a alma,agora frouxa,desatada.

domingo, 22 de junho de 2008

Recordações

Barulhos da infância,extensos fios de dentro. E o quintal da casa de vovó aparece.Me lembro da menina loura que enfeitiçava a esquina,em guerreiras bicicletas.
Palhaços, balanço,cinemas,chicletes e pipocas.Refúgio e gruta,garota aos 10,12 ,15 anos..Enfim menina,ainda não sabendo das sombras dos rostos descoloridos,das janelas sem vento que as almas suportam.
Voltar de repente a esses ruidos de ontem é desembararaçar-me dos tédios,molhar o rosto na terra plena;é colocar nos olhos o brilho,pingos de euforia,leves alegrias,é sabonetear o coração desmantelar o não.
Venham,meus barulhos da infância sacudir essa moça de tantos sons,deixá-la ao vento das recordações

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Coração Indeciso

Inteira,com olhos há duas décadas fixados no mesmo lugar: passado!
Mas,o coração zumbindo de dor,recomenda:beije a lua,comande as estrelas,atenue o sol,diga as mais belas palavras,soletre amores,comente as dores,mas dance as valsas totais.E dance mais,continue a enrolarar-se sempre nas bandeiras por aí,nas camisas todas,e saia em barcos azuis,voe com gaivotas mais sábias,desmanche nas areias,faça bolos inconfundíveis .
Meu coração,mais amigo diz ainda:desarrume as gravatas vizinhas,cruze as pernas serenamente,brinque com os escândalos,tropece as palavras,se engalfinhe com os corpos em amor.
Mas ele mesmo,o coração me invade de perguntas,me deseja casta e verdadeira,amorosa como os pássaros que ninguém vê!
Inteira,sou a parcela de mim!

domingo, 15 de junho de 2008

Um dia na Casa

Na casa,fragrâncias de alfazema pelo quarto.
Odores de ervas na cozinha,lâmpadas,fósforos. .Chaleira fervendo no fogão.
A casa sintoniza-se:Haydin ,Mozart.Azuis em todo canto.
Menina com olhos de turquesa,diamantes nas palavras ,namoros no sofá,festa brava na cama.
A casa incha-se,enquanto corpos vivem.
Janelas com cortina esvoaçante, fruteira de cobre repleta de carambolas maduras, canto de pássaros na gaiola.
Um quadro de Charles Chaplin na parede e um copo vazio na mesinha de cabeceira.
Choros,Risos ,Suspiros e Gozos!!

sábado, 14 de junho de 2008

Lágrimas

Meus olhos marejam com tanta facilidade que parecem duas pedras cravadas em branco mármore,pequenas bolotas azuis.
Tão tristes quanto umedecidas.
Queria chorar logo,antes que,de tanto conter-me,meus olhos-em vez de lágrimas-rolem feito bolas de gude.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Chegada

O poema não vem.Há febre nos dedos,vertigem na mão,coração trotando,fuzilando e o poema não vem.

Só,carente de versos,entristeço-me no barro da perda,disponho de mim,sem ter-me,ser-me ,porque não sou quando o poema não vem.


Na sala redonda.sem frutos,vejo intensamente rostos iguais:monotonia de lábios,tolos olhos que piscam desnobremente como se tudo já tivessem visto.


Fecho os olhos.surge a mancha branca da vida.Igual à de ontem,modelos das seguintes,traçadas por uma que gira no espaço de um suspiro.Pronto!O poema chegou!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quarto

No meu quarto,o armário ali,a cama aqui,um abajour lilás e uma cômoda com espelho.E eu festejava ,quando menina,o reino daquela imobilidade.
Quando a noite descia,meu corpo tecia,medos em multidão.
Havia um vento sinistro que morava na minha janela, e quanto mais insisto mais espanto ainda comela.Do outro lado, a lagoa povoada de monstros.
Quarto de menina! Nele já havia um deserto qualquer, ruídos, trincos que se fechavam, mercado de memórias, viagens escuras, revoltas e quando tudo volta, e neste quarto de hoje se instala, distintos silêncios ainda ouço.
E uma sombra severa toma a janela, e é a menina quem fala, pede, soluça, anseia, sabe que o mundo é teia,e a dor de voltar incendeia.

sábado, 7 de junho de 2008

Blefe Amoroso

Lembro-me da mão dele,suave a desenhar rios no íntimo do meu rosto,como se tudo fosse prosseguir.
Depois,ventos bateram portas,manhãs se escureceram,braços se desmembraram,beijos se esperaram ali,bem no pátio de nós dois.
Paralisia,vôos cortados e eu ainda com essa energia doída,esperando as suaves mãos,que sumiram depois dos montes,curtindo trilhões de saudades.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Devastação

Precisava tanto de ar,de baixas vozes,de saborosas mãos,inquietas,amaciando-me,mas nada!Sozinha no quarto,sussurro:Por favor!Por favor!

Quero atravessar o tempo,romper as janelas,ter espaço para o meu espaço.Não é tanto!

Nesta vida de trilhões de carros,estúpidas buzinas,não é tanto!Ferida,encolhida,escrevo.Que saia dessa mão o que precisa sair:VIDA!
É madrugada!O dia se faz ordinariamente lá fora:nascem os primeiros ruídos:venham logo todas as dores,esses seres de barro que moram em mim,desesperadamente fixos,donos da terra onde plantei minha alma!

domingo, 1 de junho de 2008

Sonhos

Há de tudo na casa dos sonhos:anzóis,trincos,brincos,muitas elas enfeiticidas,vagos indícios da festa ida,chicletes,relâmpagos,uma pedregosa mina,as faces e as esquinas.
E aquele meu ar transado,de gozos infestado,e por onde passam os sonhos.
Logo atrás venho eu mesma,gasosamente a esmo,como se o mundo estivesse ali,impuro e fácil.
Flores reticentes também surgem,amores rugem,curiosas caixas de ferro,onde habitam meus mortos,desfilam almas,me dizem adeus,venha cá,até logo e nunca mais.
Meus sonhos caminham de botas no silêncio do meu quarto.
Palmilho vagarosamente o sonho e a treva de sua essência me assusta.
Sou dele escrava,objeto de seu engenho e se a vida não tenho,que me resta senão sonhar,um sempre desamar,soluços na terra e no mar.( Aninha)

sábado, 31 de maio de 2008

Restos

Ela encontrou dentro de um livro uma flor seca que ele havia lhe dado, num dia dos namorados, há três anos passados.Pegou a flor e cheirou-a.Não havia mais perfume.Apertou-a entre os dedos : suas pétalas cairam entre seus dedos desfazendo-se e caindo no chão.Ficou em dúvida se catava o que sobrara da flor.Valeria a pena se abaixar?Pensou nele!Nunca mais!Nem um telefonema ,nem um e-mail.Nada!
Pegou a vassoura e varreu aqueles restos que jamais deveriam ter sido guardados!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Marketing Pessoal

Pisar numa casca de banana e pagar mico é coisa muito perigosa.Pode-se perder anos de construção de um perfil por causa de uma palavra,um descontrole emocional ou mesmo um belo tombo num dia de chuva,principalmente se estamos com uma calcinha velha,daquelas de algodãozinho...
Um dos grandes perigos está em festa de Empresa.Certa vez vi um Chefe de seção ,conceituadíssimo dentro da Firma,beber demais na festa de final de ano ,subir na mesa e fazer um discurso ridículo,inclusive fazendo elogios à sua linda secretária.Depois disso foi preciso anos para que ele recuperasse o seu marketing pessoal.
Mas,se isso acontecer com você ,melhor não se desculpar,fica na sua,finge que nada aconteceu e promete para si mesma que nunca mais acontecer...